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Por Raphael Martins, como apostar no bets nacional

05/12/2023 09h30 Atualizado 05/12/2023

PIB: Agropecu�ria pode ter crescimento de 14% em 2023, segundo?? proje��o da SulAm�rica Investimentos. �

: Reprodu��o/Jaelson Lucas/AEN

Sem os efeitos da supersafra que carregou o Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro?? no primeiro semestre, o novo resultado da atividade confirma a expectativa de analistas de uma desacelera��o da economia.

Neste terceiro trimestre,?? o PIB do pa�s teve alta de apenas 0,1%, conforme divulgou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estat�stica (IBGE) nesta?? ter�a-feira (5). Especialistas ouvidos pelo como apostar no bets nacional esperavam um resultado entre queda de 0,5% a estabilidade em rela��o ao trimestre anterior.

Agora,?? as aten��es est�o no futuro: quais fatores podem desencadear uma desacelera��o mais intensa, e quais podem reverter a tend�ncia e?? trazer um ritmo melhor em 2024?

Varia��o trimestral do PIB brasileiro at� o 3� tri de 2023 �

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Os economistas?? t�m tido dificuldades de cravar os resultados em suas proje��es � parte disso porque n�o � mais t�o intuitivo saber?? os efeitos de medidas macroecon�micas no dia a dia.

Alguns exemplos:

A alta dos juros ainda n�o causou efeitos significativos no mercado?? de trabalho, o que ajuda o pa�s a manter o consumo;Com consumo presente, o setor de servi�os tem resistido: desacelerou,?? mas em ritmo mais lento que o esperado;Al�m disso, poss�veis impulsos fiscais no futuro, como o pagamento dos precat�rios atrasados,?? podem injetar bilh�es na economia � e, consequentemente, acabar aquecendo a demanda.Por outro lado, o patamar de juros ainda �?? alto, e os efeitos podem se arrastar e atingir os pr�ximos meses;Ao mesmo tempo, esses efeitos dos juros e do?? alto endividamento das fam�lias, que haviam impactado pouco o consumo, passaram a mostrar mais as caras;E um outro ponto de?? piora � o cen�rio externo: uma recess�o nos Estados Unidos pode retrair os investimentos globais e complica��es da China podem?? afetar nossas exporta��es; Por fim, o cen�rio � de incerteza sobre os efeitos do El Ni�o na safra de 2023/2024,?? e boa parte do PIB deste ano vem de commodities agr�colas.

Essas d�vidas que permeiam a cabe�a dos economistas s�o chamadas?? de �balan�o de riscos� no jarg�o dos profissionais. Analistas ouvidos pela reportagem explicam o racional por tr�s de cada um?? dos t�picos.

Veja a seguir.

Juros altos e o consumo

O Brasil iniciou um ciclo de queda da taxa b�sica de juros em?? agosto. Mas, por quase um ano, a Selic permaneceu em patamar bastante alto, de 13,75% ao ano.

Juros mais altos elevam?? o custo do cr�dito, reduzindo o consumo das fam�lias e o investimento de empresas � ao menos na teoria. Nesse?? per�odo, houve algum impulso de consumo por meio de benef�cios sociais, enquanto o mercado de trabalho se aquecia.

Em setembro, �ltimo?? m�s do terceiro trimestre, o pa�s tinha taxa de desemprego em 7,7%, a mais baixa desde o trimestre terminado em?? fevereiro de 2023. Tamb�m houve recorde hist�rico de trabalhadores ocupados, com 99,8 milh�es de trabalhadores.

J� o rendimento m�dio real foi?? de R$ 2.982 em setembro, um aumento de 1,7% no trimestre e de 4,2% no ano.

Claro que o mercado de?? trabalho brasileiro ainda passa por um processo de normaliza��o desde a destrui��o de vagas durante a pandemia de Covid-19, mas?? s�o n�meros que contrariam a l�gica de um pa�s com juros altos.

O endividamento das fam�lias tamb�m pesou menos do que?? o esperado no primeiro semestre em virtude de medidas fiscais tomadas pelo governo. S�o os casos do aumento real do?? sal�rio m�nimo e do reajuste para benefici�rios do programa Bolsa Fam�lia.

S�o medidas que injetaram capital em fam�lias de renda mais?? baixa, trazendo mais consumo de bens n�o-dur�veis, como alimentos. � uma situa��o que pode n�o se repetir no ano que?? vem, pois a previs�o � que os pre�os subam sem os efeitos de oferta da supersafra de 2023.

Para o economista-chefe?? da MB Associados, S�rgio Vale, as travas de cr�dito e desaquecimento da economia por conta dos juros devem mostrar mais?? as caras neste segundo semestre, o que j� fez economistas revisarem para baixo a proje��o de fechamento do PIB para?? este ano.

Vale projetava queda de 0,5% neste trimestre e aposta em um PIB na casa dos 2,7% ao final do?? ano. �O risco � voltarmos para um cen�rio de 2023 a 2023, em que as commodities n�o estavam com desempenho?? brilhante e a economia relativamente fraca.�

Mas a economista-chefe da SulAm�rica Investimentos, Natalie Victal, coloca ainda mais uma quest�o no radar,?? que pode bagun�ar o jogo: o pagamento de precat�rios pelo governo federal.

A equipe econ�mica tem planos de quitar os valores?? ainda neste ano. A ministra do Planejamento e Or�amento, Simone Tebet, quer enviar ao Congresso Nacional uma Medida Provis�ria para?? criar cr�dito extraordin�rio para permitir o pagamento do estoque de R$ 95 bilh�es.

�� um montante importante de recursos que, quando?? entrarem, t�m potencial para gerar um aquecimento tempor�rio de consumo�, diz a economista.

An�lise do PIB sob a �tica da oferta?? �

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Investimentos sentiram o peso

Por outro lado, Juliana Trece, do FGV Ibre, indica que a a��o dos juros foi?? mais determinante pelo lado do empresariado. As taxas mais altas, somadas �s indefini��es da agenda econ�mica do governo, foram freios?? at� aqui e s�o pesos para os pr�ximos trimestres.

Recentemente, o governo federal revisoucomo apostar no bets nacionalprevis�o de d�ficit prim�rio para mais?? de R$ 170 bilh�es em 2023. A desconfian�a do mercado sobre o governo lidar com seu pr�prio endividamento deixa o?? capital estrangeiro mais afoito.

Al�m disso, a reforma tribut�ria ainda est� em aberto. Empres�rios preferem um pouco mais de visibilidade antes?? de botarem a m�o no bolso.

Essa avers�o ao risco traz um efeito direto nos juros e no c�mbio, e faz?? com que o patamar m�nimo da Selic fique mais alto que o previsto. Em resumo: mais espera para destravar o?? cen�rio e �gua no chopp para quem planeja investimentos a longo prazo.

An�lise do PIB sob a �tica da demanda �??

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Agro excelente, mas n�o sozinho

O ponto pac�fico entre aqueles que acompanham a atividade econ�mica � que a Agropecu�ria teve?? desempenho excepcional nos seis primeiros meses do ano, quando entraram nas Contas Nacionais o efeito da supersafra deste ano. O?? resultado reposicionou a expectativa para o PIB do Brasil em 2023, mas n�o se repete no segundo semestre com o?? fim da colheita.

Natalie Victal, da SulAm�rica, projeta um crescimento do setor na casa dos 14% em 2023. Mas ressalta duas?? quest�es: n�o foi um crescimento isolado e um desempenho especial n�o � o cen�rio-base para 2024.

A economista calcula que, ao?? final de 2023, o PIB brasileiro ter� crescimento de 2,8%. Mas teria crescimento de 1,8% excluindo a Agropecu�ria.

Para o ano?? que vem, a SulAm�rica espera crescimento de 1,5%. Para isso, contudo, o PIB Agro deve vir est�vel em rela��o a?? este ano. Aqui entra a incerteza vinda da safra 2023/2024, em meio ao El Ni�o.

Uma quebra de safra de produto?? importante ou mesmo uma varia��o negativa de escoamento por conta de crise em parceiros comerciais podem gerar uma revis�o dos?? n�meros para baixo. �Um crescimento t�o expressivo tamb�m faz com que �qualquer coisa� possa diminuir um pouco o resultado do?? agro no ano que vem�, diz Natalie Victal.

Olho no exterior

As exporta��es tamb�m foram destaque do PIB at� aqui. E o?? ritmo de exporta��es ajuda a segurar o c�mbio e, por consequ�ncia, a infla��o.

A balan�a comercial registrou um super�vit de US$?? 71,3 bilh�es de janeiro a setembro deste ano. O valor representa um aumento de 50% em rela��o ao mesmo per�odo?? do ano passado e a proje��o � terminar o ano acima dos US$ 90 bilh�es.

Acontece que a China, principal parceiro?? comercial do Brasil, passa por um momento de crescimento desafiador.

O governo chin�s estabeleceu uma meta de crescimento econ�mico de cerca?? de 5% para este ano. Mas as divulga��es de dados ao longo do ano s�o mistas, e sugerem que ser�?? necess�rio mais est�mulo para sustentar o arranque. Uma falha na engrenagem pode prejudicar o Brasil diretamente.

Nas estimativas do economista, a?? expectativa � que a Agropecu�ria e a Ind�stria Extrativa, express�es do mercado de commodities no PIB, representem at� 70% do?? crescimento do ano � e esse � o tamanho da depend�ncia de parceiros como a China.

Por fim, h� receio de?? recess�o nos Estados Unidos. � o tipo de situa��o que causa efeitos al�m do simples impacto no com�rcio exterior: um?? desarranjo da economia americana apavora investidores e os fazem buscar ativos seguros.

Com isso, o Brasil perde como mercado emergente. Os?? d�lares de investidores v�o embora, trazendo impactos no c�mbio e press�o sobre os juros � que precisam subir para serem?? mais atrativos em meio ao risco.

Os �ltimos dados, por�m, d�o algum al�vio: a infla��o de bens nos Estados Unidos recuou?? e deve facilitar a converg�ncia para a meta de 2%. Em outras palavras, o Federal Reserve (Fed, o banco central?? americano) pode pensar em reduzir os juros mais cedo, antes que venha uma crise mais agressiva.

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